Fernanda Calgaro Do G1
A disputa
pela presidência da Câmara dos Deputados vai se acirrar a partir desta semana,
com o lançamento oficial na próxima terça-feira (2) da candidatura do líder do
PMDB na Casa, deputado
Eduardo Cunha (RJ). Embora ainda faltem dois meses para a eleição, prevista
para 1º de fevereiro, a articulação entre os parlamentares segue intensa e até
quatro nomes poderão concorrer.
Segundo o deputado Lucio Vieira Lima (PMDB-BA),
próximo a Cunha, o líder peemedebista já promoveu oito jantares, que reuniram
deputados de diferentes legendas, com o objetivo de angariar apoios em torno do
seu nome e, até o final do ano, serão mais oito.
O líder do
PDT, Félix Mendonça Júnior
(BA), também articula com PROS e PCdoB a formação de um bloco para concorrer à
vaga. As conversas deverão ser intensificadas nesta semana para chegar a um
consenso até o dia 10 de dezembro. “Queremos alguém que não seja governista nem
oposicionista”, disse Mendonça Júnior. Entre os nomes cogitados estão os de
André Figueiredo (PDT-CE), Mário Heringer (PDT-MG), suplente que foi eleito, e
Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Eduardo Cunha
Cunha é desafeto do Palácio do Planalto por assumir
uma postura mais independente, mesmo pertencendo ao partido do vice-presidente
da República, Michel Temer. Cunha chegou a liderar rebeliões da base aliada e
impôs diversas derrotas ao governo em votações na Câmara.
Ele tem se confrontado com o
PT,
que, por deter a maior bancada da Casa, não pretende abrir mão do comando da
Casa. Na próxima legislatura, o PT terá 70 deputados e o PMDB, 66 (segunda
maior bancada).
Cunha já recebeu o apoio do Solidariedade e do
PSC.
A expectativa é que mais legendas deem aval publicamente à candidatura dele. As
conversas estão avançadas com PTB e PR, partidos que, com o PMDB, o SD e o PSC,
compõem o chamado “blocão”, grupo de descontentes com o governo federal e que
atuam de forma independente.
“Já estamos fechados com o Cunha”, afirmou o líder
do PSC, André Moura (SE) sobre almoço da bancada realizado na quarta (26).
Para marcar o lançamento da candidatura, Cunha
promoverá um ato no Salão Verde da Câmara às 18h desta terça. São esperados
integrantes de vários partidos, de acordo com o deputado Danilo Forte
(PMDB-CE), outro aliado de Cunha. “Isso vai mostrar a pluralidade que a
candidatura tem.”
O líder do
PTB,
Jovair Arantes (GO), afirma que, embora o apoio oficial não tenha sido dado, há
uma tendência de que a bancada fique mesmo com Cunha. “Ele tem demonstrado uma
independência muito grande na Casa”, avalia.
Oposição
Determinados a ver o PT derrotado na disputa, os partidos de oposição também
sinalizam na direção do concorrente. “O Cunha tem conversado frequentemente
conosco”, conta o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), sem, por enquanto, bater o
martelo.
O líder do
PSDB,
Antonio Imbassahy (BA), também vê com bons olhos a candidatura de Cunha. “Temos
uma possibilidade com Júlio Delgado, mas a gente também observa com simpatia a
articulação que está sendo feita pelo Cunha.”
Mais reservado, o líder do PPS, Rubens Bueno (PR),
prefere aguardar uma definição do cenário. Ele diz que, no momento, a
prioridade é articular a formação de um bloco parlamentar. “Temos que ver o
conjunto da ópera para saber como vamos atuar enquanto oposição.”
PT
Apesar da decisão pública de lançar candidato, o PT ainda não fechou a
estratégia. Arlindo Chinaglia (PT-SP) é um dos nomes para a presidência – ele
já presidiu a Câmara no período 2007-2008 – mas, internamente, não há consenso
sobre o que o partido deve fazer. Há até quem defenda um acordo com Cunha.
Vice-presidente nacional da legenda, o deputado
José Guimarães (CE) diz que “está tudo em aberto” e que o assunto só ganhará força
a partir desta segunda (1º). “Tem muito tempo ainda. Quem tem pressa, come
cru”, alfineta.
Sobre a entrada de mais candidatos na disputa,
Guimarães é pragmático: “Quanto mais cabra, mais cabrito. Quanto mais
candidatos, melhor.”
Júlio Delgado
Com o aval dado pelo
PSB, o deputado Júlio Delgado diz que vai
se dedicar com afinco nas próximas três semanas para consolidar a candidatura e
partir para uma campanha corpo-a-corpo em janeiro. Os parlamentares entram em
recesso em 23 de dezembro e só retornam em fevereiro.
“Até o recesso, vai clarear o que é concreto e o
que não é concreto”, diz. Depois, ele pretende ir atrás dos parlamentares,
principalmente os novos. “É preciso identificar os deputados novos na Casa, e
vou programar viagens até os estados para me articular.”
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