Se o relacionamento da Câmara de São Luís com a administração municipal já não andava bem desde o início da gestão, ficou ainda mais tóxico após a derrubada de quase vinte vetos do prefeito Eduardo Braide (PSD). As constantes convocações de secretário para prestar esclarecimento e a forma como são tratados pelos vereadores, é apenas mais um indicativo da falta de sintonia entre os dois poderes.
Em recente entrevista à TV Mirante, o secretário de Governo Eneas Fernandes tentou disfarçar o clima de hostilidade entre Câmara Municipal e Prefeitura de São Luís, mas conseguiu apenas irritar alguns vereadores ao afirmar, sem o menor constrangimento, um suposto bom relacionamento entre os poderes, afirmativa essa tão falsa quando uma nota de três reais.
A falta de entendimento é tão gritante que até o primeiro líder do governo no parlamento municipal, vereador Marcial Lima, ao entregar o cargo saiu atirando e acusando o prefeito de não dar a menor atenção para os problemas levados até ele e muito menos às reclamações dos edis sobre problemas nas comunidades que representam.
Parte deste descontentamento é fruto do não pagamento das emendas impositivas, instrumento legítimo que permite aos parlamentares levarem benefícios para as suas comunidades. Vereadores cobram e pressionam, mas apesar dos apelos, Braide vem fazendo ouvido de mercador, contribuindo para elevar ainda mais a temperatura e motivando reações de alguns que já falam até em impeachment.
Apesar das reclamações, o prefeito, pelo visto, continua sem querer diálogo e nem seu líder parece muito disposto a defende-lo. Sem interlocução efetiva com a Câmara, prática comum entre os dois poderes até a administração de Edivaldo Holanda Junior (sem partido), Braide caminha para ter dias mais turbulentos.
Sem um articulador que converse com os vereadores para evitar constrangimentos, pois até o atual líder, vereador Raimundo Penha (PDT), votou pela derrubada dos vetos, Braide se distancia cada vez mais de um entendimento com quem pode ajudar sua administração a sair do marasmo e mostrar a que veio.
Durante seus dois anos de mandato, é fato, a gestão do prefeito sempre teve um relacionamento tóxico com a Câmara, mas o descontentamento dos vereadores com a forma como são tratados pode se tornar um complicador a mais. É bom lembrar que na eleição municipal, normalmente a grande maioria dos vereadores costuma se transforma em cabo eleitoral de que está no poder, mas diante dos que estamos presenciando, parece que essa tradição poderá ser quebrada.
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