Editorial – Jornal Pequeno
Não vamos aqui defender a
pena de morte, nem pregar que os chefões do crime organizado sejam eliminados
nas caladas da noite. Mas, sinceramente, tem gente que não merece viver. Quem é
capaz de incendiar crianças merece ter um destino cruel, sofrer dores
terríveis, arder no fogo de todos os infernos.
A gente liga a televisão
nos canais de maior repercussão nacional e sai da sala com a impressão de que é
tudo inútil, que o Maranhão chegou ao fundo do poço e não há mais nada a fazer;
que não adianta ter esperança, nenhuma forma de esperança. Nem que venha da
política, nem que venha do Poder Judiciário. O Estado caiu em desgraça, e o que
se vê são medidas paliativas e algumas sem pé nem cabeça, como a construção de
uma delegacia dentro da penitenciária. É de se pensar que pretendem fichar e
prender os presos que já estão presos e condenados.
Nunca nestes quatro séculos
pudemos sequer imaginar que São Luís se tornaria o que é hoje: uma praça de
sangue e horror, com uma população ameaçada noite e dia pela incompetência, a
ingerência, a devassidão nos negócios públicos. Todo bandido se sentirá bem num
lugar assim, como se premiado com o paraíso que tomou às mulheres, crianças e
aos homens de bem.
Não se discuta mais que
temos um governo, não tenham mais o desplante de gastar milhões em órgãos de
comunicação para dizer que o governo é bom. Roseana fracassou, a Justiça
fracassou, a polícia está sendo metralhada nas ruas e as crianças estão pegando
fogo dentro de ônibus. Junte-se ao faroeste das drogas, a devassidão dos crimes
de colarinho branco e estará construído o inferno que ninguém deseja. De que
vale toda a nossa cultura, toda a diversidade das folias populares e esse
arquipélago arquitetônico construído pela História, se não conseguimos mais
dormir e qualquer um pode morrer a qualquer momento?
Governados de dentro de um
presídio, sob toque de recolher é um absurdo tão grande para nossas tradições
de paz e solidariedade, que, mais uma vez repetimos, só nos resta rezar e
continuar perguntando, estupidificados, o que foi que aconteceu aqui. No fundo
do poço, sem saída como no filme, perturbados e confinados por mentiras
eletrônicas, metralhadoras e garrafas de coquetel molotov. Quem diria!
Afaste-se, governadora, é o
que de melhor pode fazer por esse povo. Os que governam o Maranhão governam há
tanto tempo que sofrem de estafa, de lassidão, de insuficiência pública.
Permitiram que aqui se instalassem todos os cancros humanos, como a agiotagem,
a pistolagem, a crueldade inominável de quem queima crianças, destruindo
famílias, como aconteceu com a família dessa garota indefesa que ardeu em
chamas dentro de um ônibus atacado em seu percurso diário. Morreram a menor, o
avô, e a mãe está hospitalizada, correndo risco de morrer também. Destruíram
uma família. Estamos tristes. O povo do Maranhão está apavorado e decepcionado.
E é uma gente que só está preocupada em viver.
Relacionado
0 Comentários